1 Problemática
Se você tivesse que encontrar um
elemento na natureza que fosse o princípio de tudo, qual seria? Este foi o
desafio dos primórdios da Filosofia, com os Pré-socráticos. Vamos ver o que
eles encontraram como elemento primordial?
2 Quem são os
pré-socráticos
Pré-socráticos são aqueles filósofos
que vieram antes de Sócrates. Para ser mais preciso, alguns filósofos
conhecidos como pré-socráticos nasceram depois de Sócrates, mas são
classificados neste grupo por estarem dentro desta tarefa filosófica, isto é,
Sócrates construiu uma Filosofia embasada no próprio Ser Humano enquanto os
pré-socráticos embasaram sua Filosofia na Natureza.
Os primeiros filósofos gregos são
frequentemente chamados de “filósofos da physis”, palavra de origem grega que
significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir, isto é,
“filósofos da natureza”, porque se interessavam, sobretudo pela natureza e
pelos processos naturais.
Eles tinham uma coisa em comum:
acreditavam que determinada substância básica, a arché, palavra grega que
significa “o que está na frente, à origem, o começo”, estava por de trás de
todas as transformações da natureza.
Podemos dizer que os filósofos da
natureza deram os primeiros passos na direção de uma forma científica de
pensar. Sendo que a maior parte de tudo o que os filósofos disseram e
escreveram ficou perdida para a posteridade. E a maior parte do pouco que
sabemos está nos escritos de Aristóteles, que viveu duzentos anos depois dos
primeiros filósofos.
Vamos ver alguns dos principais
pré-socráticos:
Tales
de Mileto (624 – 546
a.C.): Para ele, a água por
permanecer basicamente a mesma, apesar de assumir diferentes estados - sólido,
líquido e gasoso - seria a arché, a
substância primordial, a origem de todas as coisas.
Anaximandro (610 – 546 a.C.): Para esse filósofo,
o princípio primordial deveria ser algo que transcende os limites da
observação, ou seja, não podia ser uma realidade ao alcance dos sentidos, como
a água. Por isso, denominou o apeíron,
termo grego que significa “o
indeterminado”, “o infinito” no
tempo.
Ele achava que nosso mundo era apenas
um dos muitos mundos que surgem de alguma coisa e se dissolvem nesta alguma
coisa que ele chamava de infinito (apeíron). O infinito para Anaximandro é
aquilo a partir do qual tudo surge e é completamente diferente do que é criado.
Anaxímenes (585 – 528 a.C.): Para Anaxímenes o ar ou o sopro de ar era a substância básica de todas as coisas. Para ele, a
água era o ar condensado (de menos volume). Podemos observar que quando chove,
o ar se comprime até virar água. Acreditava ainda que se a água fosse mais
comprimida ela se transformaria em terra.
Parmênides (515 – 445 a.C.): Parmênides
acreditava que tudo o que existe sempre existiu. Sendo que nada pode surgir do
nada e nada que existe pode se transformar em nada. Ele considerava totalmente
impossível qualquer transformação real das coisas. Nada pode se transformar em
algo diferente do que já é.
A partir da premissa de que algo
existe – É –, Parmênides deduziu que
esse algo não pode também não existir – NÃO
É -, pois isso envolveria uma contradição lógica. Portanto, seria
impossível existir um estado do nada- NÃO HAVERIA UM VAZIO. Assim, algo não
pode vir do nada: deve sempre ter existido de alguma forma.
É claro que Parmênides sabia que das
constantes transformações que ocorrem na natureza. Mas ele não conseguia
harmonizar isto com aquilo que sua razão lhe dizia. E quando era forçado a
decidir se confiava nos sentidos ou na razão, decidia-se pela razão.
Todos nós conhecemos a frase: “Só
acredito vendo”. Mas Parmênides não acreditava nem quando via. Ele dizia que os sentidos nos fornecem uma visão enganosa
do mundo; uma visão que não está em conformidade com o que nos diz a razão.
Heráclito (535 – 475 a.C.): “Tudo flui”, dizia
Heráclito. Tudo está em movimento e nada dura para sempre. Por esta razão, “não
podemos entrar duas vezes no mesmo rio”. Isto porque quando entro pela segunda
vez no rio, tanto eu quanto o rio já mudamos.
Heráclito entendia o mundo governado
por um logos divino. Às vezes
interpretado como “razão” ou “argumento”, considerava
o logos uma lei universal, cósmica, de acordo com a qual todas as coisas
começam a existir e todos os elementos materiais de universo são mantidos em
equilíbrio.
Heráclito também nos chama a atenção
para o fato de que o mundo está impregnado por constante opostos – dia e
noite, quente e frio, por exemplo. Se nunca ficássemos doentes, não
saberíamos o que significa saúde.
Tanto o bem quanto o mal são
necessário ao todo, dizia Heráclito. Sem a constante interação dos opostos o
mundo deixaria de existir.
Empédocles (490 – 430 a.C.): Empédocles
acreditava que a natureza possuía ao todo quatro elementos básicos, também
chamados “raízes”. Estes quatro elementos era a terra, o ar, o fogo e a água.
Todas as transformações da natureza
seriam resultado da combinação desses quatro elementos, que, depois, novamente
se separavam um do outro. Pois tudo consiste em terra, ar, fogo e água, só que
em diferentes proporções de mistura.
Esses elementos seriam movidos e
misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios universais
opostos:
Amor: responsável pela força de atração e
união e pelos movimentos de crescente harmonização das coisas;
Ódio: responsável pela força de repulsão e
desagregação e pelo movimento de decadência, dissolução e separação das coisas.
Anaxágoras (500 – 428 a.C.): Anaxágoras achava
que a natureza era composta por uma infinidade de partículas minúsculas, invisíveis a olho nu. Tudo pode ser dividido
em partes ainda menores, mas mesmo na menor das partes existe um pouco de tudo.
Anaxágoras também imaginou um tipo de
força que seria responsável, por assim dizer, pela ordem e pela criação de
homens, animais, flores e árvores. A esta força ele deu o nome de inteligência.
Demócrito (460 – 370 a.C.): Afirmou que todas
as coisas eram constituídas por uma infinidade de pedrinhas minúsculas,
invisíveis, cada uma delas sendo eterna e imutável. A estas unidades mínimas
Demócrito Deu o nome de átomos. A
palavra átomo significa “indivisível”.
Além disso, as “pedrinhas”
constituintes da natureza tinham que ser eternas, pois nada pode surgir do
nada. Sendo que essas “pedrinhas”, segundo Demócrito, possuíam formatos
diferentes: alguns arredondados e lisos outros irregulares e retorcidos. E por
suas formas serem tão irregulares é que eles podiam ser combinados para dar
origem aos mais variados corpos.
Demócrito acreditava que a alma era
composta por alguns átomos particularmente arredondados e lisos, os “átomos da
alma”. Quando uma pessoa morre, os átomos de sua alma espalham-se para todas as
direções e podem agregar a outra alma, no mesmo momento em que é formada.
Resumindo: Os filósofos pré-socráticos buscam
um elemento primeiro, a arché, isto é, que é o começo de tudo, para explicar a
própria natureza, por isso ficaram conhecidos como filósofos da physis, ou
seja, filósofos da natureza.
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ResponderExcluirnossa tudo isso my god,
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