domingo, 13 de agosto de 2017

ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE


1. Estética

A palavra “estética” vem do grego aisthetiké, que significa “perceptível pelos sentidos”. Entretanto, em filosofia, essa palavra designa o ramo da filosofia que investiga acerca da problemática do belo. Vejamos isso melhor.
Existem dois tipos de juízos: os juízos de fato e de valor. Os primeiros dizem o que são as coisas ou os fatos, enquanto que os segundos dizem se algo é bom, ruim, agradável, belo, feio, justo, etc. Os juízos estéticos estão situados no bloco dos juízos de valores.
Desse modo, a questão que incomoda o filósofo é a seguinte: se dizemos das coisas que umas são belas e outras não, o que é, então, a beleza? Na tentativa de responder estas questões, percebemos uma divergência entre os filósofos. Uma parte deles defende que a beleza é algo que está objetivamente nas coisas, enquanto outra parte defende que a beleza é apenas um juízo subjetivo, que significa que está sujeito a opinião individual das pessoas.
Entre os filósofos que defendem a objetividade do belo, Platão defende que a beleza é uma forma ideal que subsiste por si mesma. Assim, uma flor é bela quando contém a forma da beleza. Quando ela murcha e fica feia é porque se corrompeu e deixou de ter a forma da beleza.
Entre o que defendem a subjetividade do belo, David Hume defendia que o juízo estético está relacionado ao gosto individual de cada pessoa, considerando também que este pode está sujeito à cultura da sociedade em que vive.
Immanuel Kant, por sua vez, defendia que o juízo estético depende da estrutura sensível e da imaginação. Para o filósofo, os juízos estéticos eram subjetivos no sentido de que está relacionado com o prazer que proporciona ao indivíduo. Além disso, só pode haver juízo estético sobre algo particular, do que se segue que todos os juízos de gosto são singulares. Contudo, quando alguém diz que algo é belo, a pretensão é de que seja belo não somente para si, mas que isso seja universalizado. Como a estrutura sensível e imaginação são comuns a todos os indivíduos, assegura-se certo modo de universalidade.
Para Georg Hegel, entretanto, os juízos estéticos não estão sujeitos à estrutura sensível e a imaginação, mas é produto das construções históricas. Para Hegel, portanto, a arte mostrar de forma sensível à evolução espiritual de um povo, nesse sentido, mesmo a representação de algo feio pode ser belo. A percepção da beleza, concomitantemente, é uma construção social, que depende do alargamento da capacidade estética, formada a partir das relações objetivas da vivência social de cada um.

1.2 Filosofia da arte

Aqui a problemática que preocupa o filósofo é a seguinte: o que é a arte? A filósofa americana estadunidense Susanne Langer entende que a arte pode ser definida como a prática de criar formas perceptíveis expressiva do sentimento humano.
Prática de criar: a arte é produto do fazer humano. Deve combinar a habilidade desenvolvida no trabalho e a imaginação (criatividade).
Formas perceptíveis: a arte concretiza-se em formas capazes de ser percebidas por nossa mente. Essas formas podem ser estáticas (arquitetura, escultura) ou dinâmicas (música, dança). Não se refere, contudo, somente às formas sensíveis, mas também à imaginação (pense em um romance, por exemplo).
Expressão do sentimento humano: a arte é sempre a manifestação (expressão) de sentimentos humanos. Pode revelar emoção, revolta, etc.
Mas o estudo da arte começa lá na Grécia antiga. Platão entendia a obra de arte como imitação (mimesis) da realidade. Uma pintura imita algo da realidade. Uma peça de teatro imita os atos humanos e etc. Platão também defendia que a arte apresentava um caráter pedagógico, o que o levou a expulsar de sua República os poetas, pois concluiu que a poesia e certos tipos de música enfraqueciam o caráter dos jovens.
Aristóteles, entretanto, apesar de concordar que a arte é imitação, concedia a ela um caráter verossímil em relação à realidade. Assim, a arte imita o caráter dos homens virtuosos e tem a finalidade de proporcionar a descarga das emoções através de um processo de purificação que Aristóteles chama de catarse. Nos seus escritos sobre a Arte Poética, o filósofo define o que é a comédia e a tragédia. A comédia é imitação de homens de caráter viciosos, desde que sejam vícios inofensivos. A tragédia é a imitação do caráter de homens virtuosos que caem em infortúnio.
No último século, entretanto, a arte vem sendo apontada como: i) Produto de um ser social, o artista, conforme assinala Lukács; ii) Instrumento de educação e alienação em favor da sociedade burguesa, conforme assinala a Escola de Frankfurt, que tem como objetivo distrair (divertir) a classe operária; iii) E como Instrumento de combate à sociedade burguesa.
Por último, um conceito que merece destaque é indústria cultural, termo cunhado por Theodor Adorno, que faz referência ao fato de que a produção artística está sujeita aos interesses do capitalismo. Dessa forma, a arte industrial se distingue da arte ideal, que serviria apenas às necessidades do espírito humano. A indústria cultural cria a cultura de massa, que se distingue de cultura popular.
Cultura de massa é a produção artística que pretende ser consumida pelas multidões, como é o caso do cinema, por exemplo. Costuma-se dizer que o cultivo deste tipo de cultura desestimula o espírito inovador e a criatividade dos artistas, empobrecendo o cenário cultural.
Cultura popular, por sua vez, é a cultura própria de um determinado povo, enfatizando suas particularidades regionais e recuperando a tradição e valores autênticos de determinado grupo social.