1. Estética
A palavra “estética” vem do grego aisthetiké, que significa “perceptível
pelos sentidos”. Entretanto, em filosofia, essa palavra designa o ramo da
filosofia que investiga acerca da problemática do belo. Vejamos isso melhor.
Existem dois tipos de juízos: os juízos de fato e de valor. Os primeiros dizem o que são as
coisas ou os fatos, enquanto que os segundos dizem se algo é bom, ruim,
agradável, belo, feio, justo, etc. Os juízos estéticos estão situados no bloco
dos juízos de valores.
Desse modo, a questão que incomoda o
filósofo é a seguinte: se dizemos das coisas que umas são belas e outras não, o
que é, então, a beleza? Na tentativa de responder estas questões, percebemos
uma divergência entre os filósofos. Uma parte deles defende que a beleza é algo
que está objetivamente nas coisas,
enquanto outra parte defende que a beleza é apenas um juízo subjetivo, que significa que está sujeito a opinião
individual das pessoas.
Entre os filósofos que defendem a
objetividade do belo, Platão defende que a
beleza é uma forma ideal que subsiste por si mesma. Assim, uma flor é bela
quando contém a forma da beleza. Quando ela murcha e fica feia é porque se
corrompeu e deixou de ter a forma da beleza.
Entre o que defendem a subjetividade
do belo, David Hume defendia que o juízo
estético está relacionado ao gosto individual de cada pessoa, considerando
também que este pode está sujeito à cultura da sociedade em que vive.
Immanuel Kant, por sua vez, defendia
que o juízo estético depende da
estrutura sensível e da imaginação. Para o filósofo, os juízos estéticos
eram subjetivos no sentido de que está relacionado com o prazer que proporciona
ao indivíduo. Além disso, só pode haver juízo estético sobre algo particular,
do que se segue que todos os juízos de gosto são singulares. Contudo, quando
alguém diz que algo é belo, a pretensão é de que seja belo não somente para si,
mas que isso seja universalizado.
Como a estrutura sensível e imaginação são comuns a todos os indivíduos,
assegura-se certo modo de universalidade.
Para Georg Hegel, entretanto, os juízos estéticos não estão sujeitos à
estrutura sensível e a imaginação, mas é produto das construções históricas. Para Hegel, portanto, a arte
mostrar de forma sensível à evolução espiritual de um povo, nesse sentido,
mesmo a representação de algo feio pode ser belo. A percepção da beleza,
concomitantemente, é uma construção social, que depende do alargamento da
capacidade estética, formada a partir das relações objetivas da vivência social
de cada um.
1.2 Filosofia da arte
Aqui a problemática que preocupa o
filósofo é a seguinte: o que é a arte? A filósofa americana estadunidense
Susanne Langer entende que a arte pode ser definida como a prática de criar formas perceptíveis expressiva do sentimento humano.
Prática
de criar: a arte é
produto do fazer humano. Deve combinar a habilidade desenvolvida no trabalho e
a imaginação (criatividade).
Formas
perceptíveis: a arte
concretiza-se em formas capazes de ser percebidas por nossa mente. Essas formas
podem ser estáticas (arquitetura, escultura) ou dinâmicas (música, dança). Não
se refere, contudo, somente às formas sensíveis, mas também à imaginação (pense
em um romance, por exemplo).
Expressão
do sentimento humano:
a arte é sempre a manifestação (expressão) de sentimentos humanos. Pode revelar
emoção, revolta, etc.
Mas o estudo da arte começa lá na
Grécia antiga. Platão entendia a obra de arte como imitação (mimesis) da
realidade. Uma pintura imita algo da realidade. Uma peça de teatro imita os
atos humanos e etc. Platão também defendia que a arte apresentava um caráter
pedagógico, o que o levou a expulsar de sua República
os poetas, pois concluiu que a poesia e certos tipos de música enfraqueciam o
caráter dos jovens.
Aristóteles, entretanto, apesar de
concordar que a arte é imitação,
concedia a ela um caráter verossímil em
relação à realidade. Assim, a arte
imita o caráter dos homens virtuosos e tem a finalidade de proporcionar a
descarga das emoções através de um processo de purificação que Aristóteles
chama de catarse. Nos seus escritos
sobre a Arte Poética, o filósofo
define o que é a comédia e a tragédia. A comédia é imitação de homens de caráter viciosos, desde que sejam
vícios inofensivos. A tragédia é a
imitação do caráter de homens virtuosos que caem em infortúnio.
No último século, entretanto, a arte
vem sendo apontada como: i) Produto de
um ser social, o artista, conforme assinala Lukács; ii) Instrumento de
educação e alienação em favor da sociedade burguesa, conforme assinala a Escola de Frankfurt, que tem como
objetivo distrair (divertir) a classe operária; iii) E como Instrumento de combate à sociedade burguesa.
Por último, um conceito que merece
destaque é indústria cultural, termo
cunhado por Theodor Adorno, que faz referência ao fato de que a produção artística está sujeita aos
interesses do capitalismo. Dessa forma, a arte industrial se distingue da arte ideal, que serviria apenas
às necessidades do espírito humano. A indústria cultural cria a cultura de massa, que se distingue de cultura popular.
Cultura
de massa é a produção artística que pretende ser consumida pelas multidões, como é o caso do cinema, por
exemplo. Costuma-se dizer que o cultivo deste tipo de cultura desestimula o
espírito inovador e a criatividade dos artistas, empobrecendo o cenário
cultural.
Cultura popular, por sua vez, é a
cultura própria de um determinado povo, enfatizando suas particularidades
regionais e recuperando a tradição e valores autênticos de determinado grupo
social.