segunda-feira, 3 de julho de 2017

FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS


1 Problemática

Se você tivesse que encontrar um elemento na natureza que fosse o princípio de tudo, qual seria? Este foi o desafio dos primórdios da Filosofia, com os Pré-socráticos. Vamos ver o que eles encontraram como elemento primordial?

2 Quem são os pré-socráticos

Pré-socráticos são aqueles filósofos que vieram antes de Sócrates. Para ser mais preciso, alguns filósofos conhecidos como pré-socráticos nasceram depois de Sócrates, mas são classificados neste grupo por estarem dentro desta tarefa filosófica, isto é, Sócrates construiu uma Filosofia embasada no próprio Ser Humano enquanto os pré-socráticos embasaram sua Filosofia na Natureza.
Os primeiros filósofos gregos são frequentemente chamados de “filósofos da physis”, palavra de origem grega que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir, isto é, “filósofos da natureza”, porque se interessavam, sobretudo pela natureza e pelos processos naturais.
Eles tinham uma coisa em comum: acreditavam que determinada substância básica, a arché, palavra grega que significa “o que está na frente, à origem, o começo”, estava por de trás de todas as transformações da natureza.
Podemos dizer que os filósofos da natureza deram os primeiros passos na direção de uma forma científica de pensar. Sendo que a maior parte de tudo o que os filósofos disseram e escreveram ficou perdida para a posteridade. E a maior parte do pouco que sabemos está nos escritos de Aristóteles, que viveu duzentos anos depois dos primeiros filósofos.



Vamos ver alguns dos principais pré-socráticos:


Tales de Mileto (624 – 546 a.C.): Para ele, a água por permanecer basicamente a mesma, apesar de assumir diferentes estados - sólido, líquido e gasoso - seria a arché, a substância primordial, a origem de todas as coisas.

Anaximandro (610 – 546 a.C.): Para esse filósofo, o princípio primordial deveria ser algo que transcende os limites da observação, ou seja, não podia ser uma realidade ao alcance dos sentidos, como a água. Por isso, denominou o apeíron, termo grego que significa “o indeterminado”, “o infinito” no tempo.
Ele achava que nosso mundo era apenas um dos muitos mundos que surgem de alguma coisa e se dissolvem nesta alguma coisa que ele chamava de infinito (apeíron). O infinito para Anaximandro é aquilo a partir do qual tudo surge e é completamente diferente do que é criado.

Anaxímenes (585 – 528 a.C.): Para Anaxímenes o ar ou o sopro de ar era a substância básica de todas as coisas. Para ele, a água era o ar condensado (de menos volume). Podemos observar que quando chove, o ar se comprime até virar água. Acreditava ainda que se a água fosse mais comprimida ela se transformaria em terra.

Parmênides (515 – 445 a.C.): Parmênides acreditava que tudo o que existe sempre existiu. Sendo que nada pode surgir do nada e nada que existe pode se transformar em nada. Ele considerava totalmente impossível qualquer transformação real das coisas. Nada pode se transformar em algo diferente do que já é.
A partir da premissa de que algo existe – É –, Parmênides deduziu que esse algo não pode também não existir – NÃO É -, pois isso envolveria uma contradição lógica. Portanto, seria impossível existir um estado do nada- NÃO HAVERIA UM VAZIO. Assim, algo não pode vir do nada: deve sempre ter existido de alguma forma.
É claro que Parmênides sabia que das constantes transformações que ocorrem na natureza. Mas ele não conseguia harmonizar isto com aquilo que sua razão lhe dizia. E quando era forçado a decidir se confiava nos sentidos ou na razão, decidia-se pela razão.
Todos nós conhecemos a frase: “Só acredito vendo”. Mas Parmênides não acreditava nem quando via. Ele dizia que os sentidos nos fornecem uma visão enganosa do mundo; uma visão que não está em conformidade com o que nos diz a razão.

Heráclito (535 – 475 a.C.): “Tudo flui”, dizia Heráclito. Tudo está em movimento e nada dura para sempre. Por esta razão, “não podemos entrar duas vezes no mesmo rio”. Isto porque quando entro pela segunda vez no rio, tanto eu quanto o rio já mudamos.
Heráclito entendia o mundo governado por um logos divino. Às vezes interpretado como “razão” ou “argumento”, considerava o logos uma lei universal, cósmica, de acordo com a qual todas as coisas começam a existir e todos os elementos materiais de universo são mantidos em equilíbrio.
Heráclito também nos chama a atenção para o fato de que o mundo está impregnado por constante opostosdia e noite, quente e frio, por exemplo. Se nunca ficássemos doentes, não saberíamos o que significa saúde.
Tanto o bem quanto o mal são necessário ao todo, dizia Heráclito. Sem a constante interação dos opostos o mundo deixaria de existir.
Empédocles (490 – 430 a.C.): Empédocles acreditava que a natureza possuía ao todo quatro elementos básicos, também chamados “raízes”. Estes quatro elementos era a terra, o ar, o fogo e a água.
Todas as transformações da natureza seriam resultado da combinação desses quatro elementos, que, depois, novamente se separavam um do outro. Pois tudo consiste em terra, ar, fogo e água, só que em diferentes proporções de mistura.
Esses elementos seriam movidos e misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios universais opostos:
Amor: responsável pela força de atração e união e pelos movimentos de crescente harmonização das coisas;
Ódio: responsável pela força de repulsão e desagregação e pelo movimento de decadência, dissolução e separação das coisas.

Anaxágoras (500 – 428 a.C.): Anaxágoras achava que a natureza era composta por uma infinidade de partículas minúsculas, invisíveis a olho nu. Tudo pode ser dividido em partes ainda menores, mas mesmo na menor das partes existe um pouco de tudo.
Anaxágoras também imaginou um tipo de força que seria responsável, por assim dizer, pela ordem e pela criação de homens, animais, flores e árvores. A esta força ele deu o nome de inteligência.

Demócrito (460 – 370 a.C.): Afirmou que todas as coisas eram constituídas por uma infinidade de pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna e imutável. A estas unidades mínimas Demócrito Deu o nome de átomos. A palavra átomo significa “indivisível”.
Além disso, as “pedrinhas” constituintes da natureza tinham que ser eternas, pois nada pode surgir do nada. Sendo que essas “pedrinhas”, segundo Demócrito, possuíam formatos diferentes: alguns arredondados e lisos outros irregulares e retorcidos. E por suas formas serem tão irregulares é que eles podiam ser combinados para dar origem aos mais variados corpos.
Demócrito acreditava que a alma era composta por alguns átomos particularmente arredondados e lisos, os “átomos da alma”. Quando uma pessoa morre, os átomos de sua alma espalham-se para todas as direções e podem agregar a outra alma, no mesmo momento em que é formada.

Resumindo: Os filósofos pré-socráticos buscam um elemento primeiro, a arché, isto é, que é o começo de tudo, para explicar a própria natureza, por isso ficaram conhecidos como filósofos da physis, ou seja, filósofos da natureza.


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