sexta-feira, 16 de maio de 2014

A felicidade e o amor

A felicidade é o esquecimento, dizem os tolos!
A felicidade está no esquecer de refletir.
O amor é um devir cotidiano, dizem os tolos!
O amor é o valorizar o presente sentir.

A felicidade deve está no plural, dizem os falsos sábios!
Não há felicidade, mas felicidades! Com S no fim.
O amor é para os fracos, dizem os falsos sábios!
O amor é valorizar o estar a sós, eu e mim.

A felicidade é uma mentira, dizem os falsos poetas!
A felicidade é uma invenção de quem nunca foi feliz.
O amor é apenas dor, dizem os falsos poetas!
O amor é lindo para quem nunca o quis.

A felicidade está nas coisas simples, diz o ignorante!
A felicidade é não desesperar-se com o fim da festa.
O amor é necessário, diz o ignorante!
O ignorante, buscando a verdade, tornou-se poeta!

Versos para ninguém

As noites são tão agradáveis quando se tem silêncio
Os dias são tão atraentes quando trazem o frio
As horas passam tão depressa quando se lê
E os olhos enxergam tudo quando se fecham sobre si

Tudo que acontece em volta de você é o seu mundo
E o seu mundo é algo que só você pode ver
A cada passo dado pela noite clara, pelo dia escuro,
Só você pode o entender

E tudo passa tão repentinamente que as luzes se apagam antes das seis
Deito-me onde tudo é estranho, tudo é só meu.
Sinto o frio do meu dia, relembro o calor da noite.
Encontro-te em um cruzamento comum entre nós

Descubro o mundo pertencente a nós, você e eu.
Descubro o mundo deles, as outras pessoas.
Descubro o mundo dos seres humanos
Os normais, ainda que estranhos.

Encontro-me no berço de tudo
Esqueço de esquecer, de ser um constante devir
Esqueço de viver, de sentir, de sorrir
Lembro-me tão tardio, começo a refletir.

Versos de declaração

To Larissa Tinara

Lembra-se, o poeta, da primeira vez
Que, ao olhá-la nos olhos, sentiu amor.
Lembra-se, o poeta, da sua falta de sensatez,
Quando o riso dela despertou-lhe a dor.

A dor da carência atingiu o poeta
A dor de quem já não sabe viver a sós
O frio no ventre beijou-o discreta
E confusamente, veio a existir o nós.

Quando se ama, se fazem planos,
Dizia a razão para o poeta apaixonado
Quando se ama, se evitam danos,
Dizia a voz para o poeta amedrontado

O medo da desilusão já não fazia tanto medo
O medo da desilusão é o medo de ser feliz
A dor não é tão má assim, dizia-se em segredo,
A dor torna-me um reles aprendiz

E o poeta quer aprender a contemplar-te o riso
O qual faz de todo dia sombrio um dia lindo
O poeta que aprender o que for preciso
Para, a cada aurora, continuar a ver-te rindo.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O Sol

Era apenas mais um dia
Sem nuvens escuras, que sugerem melancolia.
Um dia brilhante que convida o sorriso a boca
Um dia triste por colher a dor do poeta.
Talvez seja pura ingratidão.
Talvez, simplesmente, o Sol não seja suficiente.
E a estrela se esconde, não quer ver ninguém,
Lembra-se do tempo em que era o centro do universo,
Lembra-se do quanto à mentira pode fazer feliz,
Mas o Sol já não é rei deste universo, nem deus dor mortais.
O Sol é apenas mais um que está com os dias contados.
Além do mais, seus futuros bilhões de anos não lhe garantem felicidade,
Visto esta está na contemplação dos mortais,
Os estúpidos que o deixam de cultuar e o fazem objeto de estudo.
A radiante estrela perdeu seu tudo, mas seu tudo era nada.
Tudo que lhe resta são dias alegres e, por isso, melancólicos,
O sol inveja o reles mortal que o vê.
Ambos estão fadados ao sofrimento da existência
Causado pelo subjetivismo
Mas o reles mortal, além de seu pouco tempo de sofrer,
Porque existir é sofrer,
Pode retirar-se do palco de dor quando quiser.
Mas o majestoso ser brilhante não o pode.
Não lhe resta nada que não viver a brilhar
Até que a morte o torne feliz.

Lembras?

Lembras do tempo?
Quão patético, senhor de todos.
Relembras o futuro?
Andas por entre escombros.

Os dias são todos como ontem
Disso, será que lembras?
As lágrimas são sempre do mesmo poço
Os risos sempre da falta de algo para beber

As noites são tão quentes
Os dias, cada vez, mais frios.
As estrelas continuam em greve
A escuridão brilha lá fora

A caneta perde o emprego
Os dedos são como ontem
As mãos temem o apego
Mas tudo continua como ontem

E a noite de domingo foi a de sábado
A noite de sábado foi a de domingo
E o presente continua no futuro
E o futuro é o presente. Lembras?