sexta-feira, 7 de junho de 2013

Assalto

Passa-me teus pertences,
Dizia a voz agitada.
Olha pra baixo,
Não queiras machucar-se

Vá embora! Depressa!
Continuava a voz autoritária
Vai-te embora e nada contes!
Acelerou os passos o rapaz flutuante.

Acelerou os passos como quem não se importa
Volte! Retrucava a voz autoritária
Sua vida está em minhas mãos
Isso 
ouvia o rapaz flutuante  com os ouvidos da razão.

Quanto tens ai de dinheiro?
Os bolsos esfolados revelam a ausência
Vai embora! De novo a voz autoritária
Sua vida está minhas mãos.
Ouvia o rapaz flutuante com o ouvido da razão.


Passos tranquilos e ouve-se: Depressa!
Passos largos e ouve-se: Depressa!
Sua vida está minhas mãos.
Ouvia pela razão o jovem flutuante.

E caminhando foi até que o olhar tardio para trás revelara:
Sua vida não está mais em minhas mãos.
Ouvia o rapaz flutuante pela razão.


Ele que por alguns instantes perdeu
O que há de mais valioso:
O controlar das próprias pernas,
das próprias mãos,
do próprio olhar,
da própria vida.