segunda-feira, 12 de agosto de 2013
A pequena flor branca
A flor pousou na janela
O solitário pássaro floresceu
A pequena flor branca voa
Em cada abraço diz um adeus.
Suas asas cheiram ao doce néctar das nuvens
A pequena flor branca é um anjo lindo
Ela olha tudo em volta com o mesmo cuidado de ontem
O solitário pássaro, tão bobo, se percebe rindo.
Mas o pássaro solitário não sabe voar !
Quem sabe a pequena flor branca ensine-o a nadar?
Nadar por sobre e entre as ternas ondas das borboletas
Rir com cada uma de suas caretas.
Sentir o indizível da existência
Esquecer aquela história de essência
Quem sabe a flor, pequena e branca,
Ensine-lhe a esquece a ingrata felicidade.
Tão sincera e franca!
Oferta-o um pouco de sua bondade
Não se deve saber o que é a felicidade.
Sorriamos juntos e sejamos felizes,
Diz a pequena flor branca ao pássaro.
Sorriamos juntos e cantemos sem deslizes.
Cantemos a doce melodia de nossas vozes desafinadas
Sejamos incertos na certeza das noites molhadas
Sejamos imperfeitos e pequenos.
Abracemo-nos a cada vez que pousar em ti
Diz a pequena flor branca ao pássaro
Abracemo-nos e sejamos felizes!
sábado, 3 de agosto de 2013
Pedido a não-mais-donzela
E, mais uma vez, está ela andando pelos vales.
Seus vales que de tão altos deixavam de o ser,
Mas que de tão profundos mostravam a contradição.
E lembra-a de que ser poeta é viver nesta
Que a verdade as vezes engana
E quando engana machuca
Mas quando não engana machuca ainda mais.
Concluia, a não-mais-donzela
Que a inocência é uma invenção
Que o amor é a tentativa de se encontrar
Mas que tentativa frustrada quando não se encontra
É que o amor, pensava a não-mais-donzela,
O amor mata e quando não mata põe um fim à vida.
Ah! Quem dera o amor da não-mais-donzela.
Ela que já provou do doce do eros
E quão amargo lhe foi o doce
Ela que mergulhou num dia de chuva
E quão suja saiu do banho
Ah! Doce não-mais-donzela!
Ah! Que pena que só ideia és!
Pena que as não-mais-donzelas reais estão tão distantes
E que as ainda-donzelas apenas sonham.
Sonham com o que lhe é perfeito
Contudo ainda não sabem que o perfeito machuca
Ah! Não-mais-donzela!
Seus vales que de tão altos deixavam de o ser,
Mas que de tão profundos mostravam a contradição.
E lembra-a de que ser poeta é viver nesta
Que a verdade as vezes engana
E quando engana machuca
Mas quando não engana machuca ainda mais.
Concluia, a não-mais-donzela
Que a inocência é uma invenção
Que o amor é a tentativa de se encontrar
Mas que tentativa frustrada quando não se encontra
É que o amor, pensava a não-mais-donzela,
O amor mata e quando não mata põe um fim à vida.
Ah! Quem dera o amor da não-mais-donzela.
Ela que já provou do doce do eros
E quão amargo lhe foi o doce
Ela que mergulhou num dia de chuva
E quão suja saiu do banho
Ah! Doce não-mais-donzela!
Ah! Que pena que só ideia és!
Pena que as não-mais-donzelas reais estão tão distantes
E que as ainda-donzelas apenas sonham.
Sonham com o que lhe é perfeito
Contudo ainda não sabem que o perfeito machuca
Ah! Não-mais-donzela!
Minha doce inteligível amiga!
Que triste felicidade temos descobrido!
Que tão péssimos melhores amigos temos feito!
E que tão amargo doce beijo temos provado.
Não me deixe, não-mais-donzela, não me deixe!
Que triste felicidade temos descobrido!
Que tão péssimos melhores amigos temos feito!
E que tão amargo doce beijo temos provado.
Não me deixe, não-mais-donzela, não me deixe!
A vida sem sonho pode ser muito dura
Mas, dos meus sonhos, és o que me lembras disto
Dos meus sonhos, ó cara inteligível amiga
Dos meus sonhos és mais real que o real.
Mas, dos meus sonhos, és o que me lembras disto
Dos meus sonhos, ó cara inteligível amiga
Dos meus sonhos és mais real que o real.
Soneto do poeta-filósofo e do filósofo-poeta
Ela olhou de longe e sorriu para o poeta
Ele agora tem mais uma inspiração
Logo ele que nunca se aquieta
Mas que nunca entrega o coração
E com os olhos fixos ele a
fita encantado
Olhos nos olhos, faz
a aproximação
Senta. Boa conversa!
Ó poeta delicado!
Mas que desafinado
desiste da canção
Não. Não tenho tempo
pra amar – diz o poeta.
Ser filósofo talvez
me deixe contente
Ou qualquer coisa que
não gente.
Mas os sorrisos
continuam a te balear, ó poeta!
Que tão frágil, dócil
e, por dizer, inocente
Sempre esquece:
filósofo também sente.
Menina do Brilho nos Olhos
A Raquel
A fã do poeta quer para amanhã
A morte é um alívio menina do brilho nos olhos
Não sabemos o que somos menina
A morte é todo dia um constante devir
Ó minha fã, porque me ouvistes?
Ah menina do brilho nos olhos
Hoje outra vez
Esquece a rima, menina do brilho nos olhos
Que faz mil fantasias
O poeta tem uma fã a cuidar
Ela é jovem e tem brilho nos olhos
O menino dos cachos tem um autógrafo a
dar
Logo ele que não é bom nesses jogos
A fã do poeta quer para amanhã
Ela é ousada, quer um poema só pra si
E o poeta calmamente explica: não, não é
bem assim
Primeiro me inspire menina do brilho nos
olhos
Depois vês o que a poesia tem pra ti
Ela espera, ela não quer esperar
Ela é jovem. Jovem e velha demais
Ela vai morrendo e não quer se assustar
Ainda não sabe que o melhor da vida é o
fim
A morte é um alívio menina do brilho nos olhos
E que conselhos agradáveis diz o poeta
Ela não pediu conselhos, sim poesia
Mas ele lembra do mundo de Sofia
Não sabemos o que somos menina
Só sabemos que não sabemos
O que fomos já não somos
O riso não é mais, mas virá a ser
A morte é todo dia um constante devir
E, com ou sem melodia, ressuscitamos a
cada aurora
Umas tristes, outras mais tristes. Vais
partir
Aceitas a tristeza e te alegrarás com ela
agora
Ó minha fã, porque me ouvistes?
Os livros a convidam ao passeio
Passeio que vai até lá
Lá onde já não nos encontraremos
Lá onde já não mais precisaremos
Lá onde os dias são sempre dias
As noites são sempre noites
E, no fim, sempre o começo
Ah menina do brilho nos olhos
Lembra da morte
Lembra do amor
Lembra da vida
Ama o fim, ele sempre virá
Hoje outra vez
Amanhã novamente
Até que não mais
Esquece a rima, menina do brilho nos olhos
Não sejas fã de tão sutil poeta
Aprendes a escrever e fazer tua festa
Aprendes a não ser mais esta
Esta que pedi poesias
Que faz mil fantasias
Se a vida é uma ilusão
Se pode dormir feliz
Aceitando sempre ser aprendiz
Do que se aprende em vão
O sentido de respirar?
Ah! Menina do brilho nos olhos
Sempre tenha um à mão!
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