1 Filosofia
A maioria dos estudiosos defende que a
FILOSOFIA surge na Grécia Antiga, por volta do século V a. C., como uma forma
alternativa de abordar os temas relacionados à totalidade da vida humana, que
até então eram tratados apenas pelo MITO.
Pitágoras de Samos (588-524 a. C.) foi
o criador do termo filosofia, que vem do grego PHILO, que significa sentimento de afeto, amizade ou amor fraterno,
e SOPHIA, que significa sabedoria.
Assim, o termo PHILO/SOPHIA significa
algo como: amigo ou amante do saber (da sabedoria).
Entretanto, ao longo da história a
filosofia se caracterizou pela discussão e problematização das questões
consideradas mais fundamentais aos seres humanos. Por exemplo, Aristóteles
afirma que a filosofia é a mais nobre de todas as ciências por ser a ciência
acerca das causas primeiras (METAFÍSICA, Livro I, cap,
II). Para este filósofo estas causas são as mais nobres porque representam o
conhecimento do que é mais elevado e primeiro. O filósofo, segundo Aristóteles,
embora não tenha o conhecimento de cada coisa em articular, tem o conhecimento
geral porque conhece a causa primeira.
1.1 Origem
Segundo Giovanni Reale e Dario
Antiseri, a FILOSOFIA surge na Grécia por conta do modo de vida próprio do povo
grego, que propiciava o exercício ao pensamento abstrato e livre. Alguns destes
fatores são: a moeda, a escrita, a religião grega e a liberdade
política.
MOEDA: Propiciava o exercício da abstração
por um lado e o acúmulo de riquezas, que propiciava o ócio contemplativo, por
outro.
ESCRITA: Permitia o registro das ideias e dos
fatos históricos, assim como estimulava a abstração.
RELIGIÃO: Não apresentava um Livro Sagrado, o
que permitia a livre expressão religiosa. Pode-se dividi-la em: RELIGIÃO
PÚBLICA E ÓRFICA (Orfismo). A RELIGIÃO PÚBLICA apresentava os DEUSES como homens amplificados, forças da natureza e ações humanas.
POLÍTICA: A Grécia era composta por pequenas
colônias independentes entre si, o que propiciava um ambiente de livre
pensamento e discussão política.
Outros fatores também contribuíram para
o surgimento da filosofia, como a vida na Pólis
e as Navegações Marítimas, por exemplo.
1.2 Filosofia e Mito
Como dito anteriormente, a filosofia
surge como um discurso alternativo ao mito. Mas o que é Mito?
Mito era uma narrativa que tinha o
objetivo de explicar a totalidade das coisas. Pretendia explicar desde as
coisas mais simples, como a fúria dos mares, até as mais complexas, como a
origem do universo. Não obstante, o discurso mítico apresentava características
peculiares: era uma narrativa fantasiosa; recorria a eventos ocorridos em
função das ações dos deuses em um tempo imemorável e era transmitido através da
oralidade, sobretudo através das cantigas dos poetas-rapsodo. Essa tentativa de explicação mítica era conhecida
como uma cosmogonia, uma vez que
fundava a origem de tudo nas ações dos deuses.
A filosofia também possuía a pretensão
de explicar a totalidade das coisas, porém o fazia através de uma cosmologia, que seria uma explicação
racional do universo. Deste modo, os primeiros filósofos tentaram responder as
questões abordadas pelo mito sem recorrer a eventos ou seres sobrenaturais,
fazendo uso somente da razão.
1.3 Fases
da filosofia
Para a facilitação do estudo da
filosofia, costuma-se dividi-la em algumas fases. Vejamos:
FILOSOFIA
ANTIGA (CLÁSSICA):
subdivida em quatro períodos: pré-socrático, socrático, sistêmico e
helenístico.
Pré-socrático
(VI ao V a. C.): Período correspondente às primeiras
investigações filosóficas acerca do cosmos (mundo ordenado). Os filósofos
pré-socráticos, não obstante, são aqueles que se ocupam deste tipo de
investigação, sendo que muitos deles eram contemporâneos de Sócrates.
Socrático
(V ao IV a. C.):
Período correspondente ás investigações de Sócrates e seu pupilo Platão. Tal
investigação migrava do ramo da cosmologia para a conduta humana. Um filósofo
pré-socrático tentava responder questões do tipo “como e de onde surgiu o
universo?” e um filósofo socrático questionava sobre a melhor forma de viver,
“o que é o bem?, o que a justiça?, o que é belo?” e coisas do tipo.
Sistêmico
(IV ao III a. C.):
Período correspondente às investigações de Aristóteles, discípulo de Platão, e
seus próprios pupilos. Se Platão escrevia suas investigações através de
Diálogos, Aristóteles organizava suas investigações de forma sistemática. Daí o
termo “sistêmico” para denotar esse período.
Helenístico
(III a. C. ao VI d.
C.): Período correspondente à decadência da civilização grega, onde a
problemática central passa a ser a busca pela felicidade. Nesse período
destacam-se escolas como o cinismo, epicurismo, ceticismo e estoicismo.
FILOSOFIA
MEDIEVAL (I ao XIV):
Apresenta como característica a influência do Cristianismo e a apropriação da
filosofia grega para a solução de problemas relacionados ao aparente conflito
entre fé e razão e ao problema do mal. Além disso, destacam-se as provas
produzidas por Santo Tomas de Aquino sobre a existência de Deus.
FILOSOFIA
MODERNA (XVII ao
XVIII): Caracteriza-se pela crítica à autoridade advinda da filosofia grega,
pela fundação das bases da ciência moderna e pelo desenvolvimento de teorias
acerca do conhecimento, a saber, o racionalismo e o empirismo. Nesse período também há uma supervalorização da razão e
uma crença de que o conhecimento resolveria os problemas da humanidade. É desse
período que vem a ideia de ordem e progresso.
FILOSOFIA
CONTEMPORÂNEA (XX à
atualidade): Caracteriza-se pela crítica da razão, dos valores tradicionais
advindos da cultura grega e a crítica aos valores e a organização da sociedade
capitalista (marxismo, escola de Frankfurt). Além disso, surgem duas grandes
correntes filosóficas: a fenomenologia e a filosofia analítica.
1.4 Filosofia
e suas temáticas
As investigações filosóficas podem ser
organizadas em grandes temáticas, quais sejam:
EPISTEMOLOGIA: Se configura como o
estudo (logos/logia) acerca do
conhecimento (episteme), investigando
suas fontes e suas condições de possibilidade.
METAFÍSICA: É a investigação acerca do
que está para além (meta) da física,
para além dos fenômenos perceptíveis. Quando o estudo se volta para o SER,
aplica-se o termo ONTOLOGIA.
ÉTICA: Se configura como o estudo do
bem. Neste campo cabe ao filosofo explicar o que faz com que uma ação seja
justa, bela e boa ou injusta, feia e má. Outro modo de dizer isso é: o que faz
com que uma ação seja correta ou incorreta. Em última instância, a ética tem
como objetivo responder a questão: como ser feliz.
POLÍTICA: Neste campo, o filósofo
investiga sobre a função das instituições políticas, sobre as origens do ESTADO
e suas possíveis formas. A preocupação central é teorizar sobre a melhor forma
de organização política possível.
LÓGICA: Estudo do raciocínio e da
argumentação. Neste campo o filósofo propõe cânones que auxiliam a estruturar
formal e simbolicamente os argumentos. Isso tem a intenção de mostrar quando e
porque um argumento é válido ou inválido, correto ou incorreto. A Lógica pode
ser formal ou informal, onde a primeira é dedutiva e a segunda indutiva. O
primeiro grande lógico foi Aristóteles, que formulou o que hoje nós chamamos de
Lógica dos Predicados.