segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Eu que sempre falo a verdade

Eu que sempre falo a verdade

Preso a roupas e sapatos novos
Eu vou caminhando pelas ruas                                   
Meus pés me levam para onde não quero ir
Por que tenho tantos amigos?
Eu que sempre falo a verdade.

Preso a meus sentimentos pelas pessoas
Caminho sobre o asfalto até chegar a algum lugar
Até perder-me por estar no lugar certo
Até sofrer por não poder ser estranho
Eu que sempre falo a verdade.

Vejo pessoas estranhas e o som é bom
Sinto hostilidade e o ambiente é hospitaleiro
Será que sou eu? Pergunto-me desesperadamente.
Saio correndo e deixo a todos chateados
Eu que sempre falo a verdade.

Corro para o meu lugar, onde ninguém pode entrar
Releio meus escritos, aqueles que só quem eu gosto pode ler
Ouço minhas músicas prediletas, que aquelas pessoas não podem aceitar
Encontro-me comigo mesmo e me faço feliz
Eu que sempre falo a verdade.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ele e Ela

Ela é tão incrivelmente ela
Ele apenas gosta de poesia
Ela abre um riso branco
Encobre-o com o seu encanto
Ele nem de longe desconfia
Mas o coração vai se tornando dela.
Em tudo agora ele é atento
E se outrora queria ser o vento
A liberdade jaz nos braços dela.
Ela usa óculos, ele usa a imaginação;
Ela deu um riso, ele deu o coração.
Ela aspira por dias melhores que virão
Ela corre para o futuro
Ele corre para seus braços
Ele foge dos embaraços.
Ele é tão em cima do muro
Tão sem se preocupar com o futuro
Ela é tão tudo para ele
Ele é tão estranhamente ele.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Estrada

Cansado de si mesmo
Correndo em direção ao infinito do erro
Caminhando sobre os próprios pés
Comendo o pó do néctar desperdiçado
Fingindo fingir o tempo todo.                                       
Querendo aparentar tristeza
Quando na verdade era triste
Sorrindo entre dias frios
Escondendo-se da morte em seu casulo.
O menino tinha medo de ter medo
Entendendo o incerto do futuro
Correndo sobre as brasas da neve
Dizendo palavras que nada dizem
Sorrindo como fazem os felizes.
Sendo mais um
Sendo ninguém
Sendo o melhor
Se sentindo o pior
Sendo ele
Sendo sem ela
Estando em si
Estando sem ela
Estando na vida
Querendo a morte
Chorando as escondidas
Desistindo de ser forte.

Lítio

O menino precisa de lítio
O menino precisa de dor
O menino caminha incolor
O menino grita por lítio

As pernas cansadas procuram o chão
“Lítio é preciso”, grita o menino
Deseja acreditar em destino
Esquece em sua volta a distração

Não consegue desviar o olhar de si mesmo
Perdido dentro do espaço que ela deixou
Ela que por lhe amar o desprezou
E, sem lítio, grita o coração enfermo

Quero Lítio! Grita o menino poeta
Preciso de ar puro outra vez
Ele que nunca se refez
Mas que voltou a festa

Sem lítio sofre o último dos românticos
Sem coragem, sem medo, sem razão
Sem motivos para acalmar o coração
Abalado, seco por dentro, aos prantos.

Perdido em seu interior e sombrio sítio,
Lá se vai o destino escrito pelo próprio coração
Que amou a mando da razão
Gritando: preciso de lítio.