Seus vales que de tão altos deixavam de o ser,
Mas que de tão profundos mostravam a contradição.
E lembra-a de que ser poeta é viver nesta
Que a verdade as vezes engana
E quando engana machuca
Mas quando não engana machuca ainda mais.
Concluia, a não-mais-donzela
Que a inocência é uma invenção
Que o amor é a tentativa de se encontrar
Mas que tentativa frustrada quando não se encontra
É que o amor, pensava a não-mais-donzela,
O amor mata e quando não mata põe um fim à vida.
Ah! Quem dera o amor da não-mais-donzela.
Ela que já provou do doce do eros
E quão amargo lhe foi o doce
Ela que mergulhou num dia de chuva
E quão suja saiu do banho
Ah! Doce não-mais-donzela!
Ah! Que pena que só ideia és!
Pena que as não-mais-donzelas reais estão tão distantes
E que as ainda-donzelas apenas sonham.
Sonham com o que lhe é perfeito
Contudo ainda não sabem que o perfeito machuca
Ah! Não-mais-donzela!
Minha doce inteligível amiga!
Que triste felicidade temos descobrido!
Que tão péssimos melhores amigos temos feito!
E que tão amargo doce beijo temos provado.
Não me deixe, não-mais-donzela, não me deixe!
Que triste felicidade temos descobrido!
Que tão péssimos melhores amigos temos feito!
E que tão amargo doce beijo temos provado.
Não me deixe, não-mais-donzela, não me deixe!
A vida sem sonho pode ser muito dura
Mas, dos meus sonhos, és o que me lembras disto
Dos meus sonhos, ó cara inteligível amiga
Dos meus sonhos és mais real que o real.
Mas, dos meus sonhos, és o que me lembras disto
Dos meus sonhos, ó cara inteligível amiga
Dos meus sonhos és mais real que o real.
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