O poeta tem uma fã a cuidar
Ela é jovem e tem brilho nos olhos
O menino dos cachos tem um autógrafo a
dar
Logo ele que não é bom nesses jogos
A fã do poeta quer para amanhã
Ela é ousada, quer um poema só pra si
E o poeta calmamente explica: não, não é
bem assim
Primeiro me inspire menina do brilho nos
olhos
Depois vês o que a poesia tem pra ti
Ela espera, ela não quer esperar
Ela é jovem. Jovem e velha demais
Ela vai morrendo e não quer se assustar
Ainda não sabe que o melhor da vida é o
fim
A morte é um alívio menina do brilho nos olhos
E que conselhos agradáveis diz o poeta
Ela não pediu conselhos, sim poesia
Mas ele lembra do mundo de Sofia
Não sabemos o que somos menina
Só sabemos que não sabemos
O que fomos já não somos
O riso não é mais, mas virá a ser
A morte é todo dia um constante devir
E, com ou sem melodia, ressuscitamos a
cada aurora
Umas tristes, outras mais tristes. Vais
partir
Aceitas a tristeza e te alegrarás com ela
agora
Ó minha fã, porque me ouvistes?
Os livros a convidam ao passeio
Passeio que vai até lá
Lá onde já não nos encontraremos
Lá onde já não mais precisaremos
Lá onde os dias são sempre dias
As noites são sempre noites
E, no fim, sempre o começo
Ah menina do brilho nos olhos
Lembra da morte
Lembra do amor
Lembra da vida
Ama o fim, ele sempre virá
Hoje outra vez
Amanhã novamente
Até que não mais
Esquece a rima, menina do brilho nos olhos
Não sejas fã de tão sutil poeta
Aprendes a escrever e fazer tua festa
Aprendes a não ser mais esta
Esta que pedi poesias
Que faz mil fantasias
Se a vida é uma ilusão
Se pode dormir feliz
Aceitando sempre ser aprendiz
Do que se aprende em vão
O sentido de respirar?
Ah! Menina do brilho nos olhos
Sempre tenha um à mão!
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