sábado, 3 de agosto de 2013

Menina do Brilho nos Olhos

A Raquel

O poeta tem uma fã a cuidar

Ela é jovem e tem brilho nos olhos

O menino dos cachos tem um autógrafo a dar

Logo ele que não é bom nesses jogos


A fã do poeta quer para amanhã

Ela é ousada, quer um poema só pra si

E o poeta calmamente explica: não, não é bem assim

Primeiro me inspire menina do brilho nos olhos

Depois vês o que a poesia tem pra ti


Ela espera, ela não quer esperar

Ela é jovem. Jovem e velha demais

Ela vai morrendo e não quer se assustar

Ainda não sabe que o melhor da vida é o fim


A morte é um alívio menina do brilho nos olhos

E que conselhos agradáveis diz o poeta

Ela não pediu conselhos, sim poesia

Mas ele lembra do mundo de Sofia


Não sabemos o que somos menina

Só sabemos que não sabemos

O que fomos já não somos

O riso não é mais, mas virá a ser


A morte é todo dia um constante devir

E, com ou sem melodia, ressuscitamos a cada aurora

Umas tristes, outras mais tristes. Vais partir

Aceitas a tristeza e te alegrarás com ela agora


Ó minha fã, porque me ouvistes?

Os livros a convidam ao passeio

Passeio que vai até lá


Lá onde já não nos encontraremos

Lá onde já não mais precisaremos

Lá onde os dias são sempre dias

As noites são sempre noites

E, no fim, sempre o começo


Ah menina do brilho nos olhos

Lembra da morte

Lembra do amor

Lembra da vida

Ama o fim, ele sempre virá


Hoje outra vez

Amanhã novamente

Até que não mais


Esquece a rima, menina do brilho nos olhos

Não sejas fã de tão sutil poeta

Aprendes a escrever e fazer tua festa

Aprendes a não ser mais esta

Esta que pedi poesias


Que faz mil fantasias

Se a vida é uma ilusão

Se pode dormir feliz

Aceitando sempre ser aprendiz

Do que se aprende em vão


O sentido de respirar?

Ah! Menina do brilho nos olhos

Sempre tenha um à mão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário