quinta-feira, 22 de junho de 2017

Mito x Cosmologia

Olá, leitores!

Ultimamente decidi utilizar este espaço não somente para publicar alguns de meus poemas, mas também para compartilhar conhecimentos sobre FILOSOFIA, com o intuito de oferecer mais uma fonte de estudo para quem quer ter contato com a filosofia, sobretudo quem se prepara para vestibulares.

Então, vamos nessa! Nossa primeira postagem será sobre Mito e Cosmologia (isto mesmo, a Cosmologia, que foi a primeira proposta filosófica).

O que é MITO?

Mito (do grego Mytheo) é antes de tudo uma narrativa. 
Quais são as características dessa narrativa? 
Então, o Mito é uma narrativa que recorre a acontecimentos (geralmente implicam em ações de deuses) que ocorreram em uma "idade de ouro", em um tempo imemorável. Portanto, ninguém testemunhou tais acontecimentos. E estes acontecimentos explicam basicamente a totalidade das coisas. Através das narrativas míticas, os homens encontravam explicação para acontecimentos naturais, como o nascer e pôr do sol, a chuva, o movimento das marés; acontecimentos culturais e políticas, como a caça, o relacionamento amoroso, as guerras; e até para a origem do universo e do homem, explicando inclusive as suas frustrações em relação à vida.

Como o Mito era transmitido?
Os mitos eram transmitidos através da tradição oral, onde os poetas chamados de aedos ou rapsodos eram responsáveis por viajar de cidade em cidade cantando essas narrativas. Esses poetas tinham uma autoridade inquestionável, portanto, todos aceitavam seus discursos como verdadeiros. Eles eram como mestres da verdade.

Outra coisa importante que você precisa saber sobre o Mito é que ele utiliza uma linguagem simbólica (em oposição a uma linguagem conceitual, que é própria da filosofia). Isto significa que o discurso mítico requer uma interpretação e que, mesmo que os acontecimentos narrados não tenham existido de fato, não é correto definir o mito como sendo falso, pois a mensagem por trás da linguagem simbólica pode ser verdadeira.

Um dos Mitos mais famosos da história é PROMETEU, que roubou o fogo dos deuses, dando-o aos mortais. Para assistir e ouvir um resumo dessa narrativa, clique no link abaixo:



Agora passemos ao próximo ponto, a COSMOLOGIA.


A Cosmologia foi a primeira tentativa de explicar a origem do Universo (enquanto COSMOS = mundo ordenado) sem recorrer ao Mito. 

Como isso aconteceu?

Bem, primeiro que os Mitos explicavam a origem do Universo através de ações dos deuses lá naquele tempo imemorável (a idade de ouro), enquanto que a Cosmologia (com os filósofos da physys = natureza) tentava solucionar esse problema olhando para a natureza e buscando postular um princípio originário (que eles chamavam de arché). 

Já foi possível perceber, então, que os primeiros filósofos buscavam encontrar o princípio de onde "surgem as coisas", pelo qual "as coisas se sustentam" e para onde "as coisas irão findar". Ou seja, a arché é o "princípio, o meio e o fim" de tudo.

Ao tentar responder a essa questão, surgiram várias propostas, as quais podem ser classificadas em Monistas e Pluralistas.

Monista: proposta que postula a existência de um único elemento como princípio primeiro de tudo. Dentre os monistas, destacamos a Escola de Mileto, composta por Tales, que defendia que o princípio era a água; Anaximandro, que postulava o ilimitado (apeiron); e Anaxímenes, que dizia que o princípio de todas as coisas era o ar.

Pluralista: proposta que postulava mais de um elemento como origem das coisas. Dentre os pluralistas, destacamos Empédocles, que afirmava que tudo que existe é composto por quatro elementos: água, terra, ar e fogo. O que diferenciaria uma coisa de outra seria somente a proporção de cada elemento. Não obstante, o AMOR juntaria estes elementos, fazendo-os via a ser, e o ÓDIO (discórdia) os separariam, fazendo-os vir a corrupção.

Também é digno de nota na COSMOLOGIA uma discussão sobre o SER (portanto, uma discussão ONTOLÓGICA), que tem de um lado HERÁCLITO, defendo o movimento, pois tudo muda, tudo flui, "não se pode entrar duas vezes no mesmo rio", e do outro PARMÊNIDES, defendendo a imobilidade do ser, pois não se pode passar do SER para o NÃO-SER, "o ser é e não pode não-ser" e vice versa. Explicando melhor, o movimento implicaria na existência do vazio e o vazio é o não-ser. Para Parmênides, o que existe não pode não existir, então era absurdo que algo existisse, deixasse de existir e viesse a existir de novo. Essa era a causa porque negava o movimento.

Ok! Mas, como posso diferenciar melhor o Mito da Cosmologia?

Simples. O Mito recorre a fantasia, a Cosmologia recorre a observação racional da natureza; O Mito utiliza uma linguagem simbólica, a Cosmologia se utiliza de uma linguagem conceitual; O Mito admite contradição, a Cosmologia não. Além disso, não esqueça que a Cosmologia foi a primeira investigação filosófica, portanto, todos os pensadores cosmológicos são filósofos.

Bem, acredito que estas informações são de grande auxílio na hora de responder questões de prova ou mesmo para matar a nossa nobre curiosidade. 
Esse post, no entanto, não entra na cosmologia de forma aprofundada, de modo que suprirei essa necessidade em outro momento. O objetivo aqui é ter uma visão panorâmica e diferenciar bem o Mito da Cosmologia.


Forte Abraço e até breve,
Kytto Correia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário